Um avançado sistema de videoendoscopia, o Spyglass, aprimorou o diagnóstico e o tratamento das doenças das vias biliares e pancreáticas

Desde outubro de 2016, os brasileiros dispõem de mais uma opção importante no diagnóstico e tratamento das doenças das vias biliares e do pâncreas. Trata-se do Spyglass®, um sistema de videoendoscopia desenvolvido pela empresa de acessórios endoscópicos Boston-Scientific®, proporcionando um estudo detalhado das vias biliares (canais por onde é drenada a bile, que é produzida no fígado), e também do ducto pancreático principal (ou Ducto de Wirsung).

As vias biliares podem ser sede de alguns tumores, dentre eles, o colangiocarcinoma, que é um tipo de câncer maligno, originado nas vias biliares intra ou extra-hepáticas, de etiologia desconhecida, representando cerca de 5% dos tumores primários do fígado, no caso do acometimento intra-hepático. Apresenta alguns fatores de risco já bem estabelecidos na literatura, como: cirrose hepática, doença de Caroli, infecção por Clonorchis sinensis, colangite esclerosante primária, litíase intra-hepática, agentes de contraste radiológico (como o Thorotrast). Estima-se que nos EUA, cerca de 10.000 novos casos são diagnosticados a cada ano, a maioria deles em pessoas com mais de 70 anos (fonte: M.D. Anderson Cancer Center, Texas, EUA). Considerando-se que a maioria dos cânceres de vias biliares são diagnosticados em idades mais avançadas, a taxa de sobrevida em 5 anos é apenas de 10-30%, a depender do tipo histológico da neoplasia.

O médico da Equipe do Hospital Gastroclínica, Cezar Sato, Endoscopista com Especialização em Endoscopia Digestiva Oncológica, explica como é a realizado o procedimento com essa nova tecnologia (Spyglass®): ”Através de um “miniendoscópio”, conectado a uma vídeo-processadora própria, é possível ter acesso direto aos canais da bile de maior calibre, e também ao ducto pancreático principal, podendo-se estudar as enfermidades que acometem tais regiões. Conseguimos ter uma visualização direta, com excelente resolução de imagem, dos cálculos dos canais biliares e pancreáticos, possibilitando também o tratamento dos cálculos maiores e difíceis de serem removidos pelas técnicas endoscópicas convencionais, através da litotripsia eletrohidráulica ou a laser, de forma similar ao tratamento dos cálculos ureterais. Por meio de uma pinça de biópsia própria (Spybite®), também é possível realizar biópsias de lesões benignas (pólipos, áreas de fibrose) ou de lesões suspeitas para câncer”, salienta o especialista.

O médico Cezar Sato formou-se pela Universidade Estadual de Londrina, fez Residência Médica em Cirurgia Geral pela PUC de São Paulo, e cursou Especialização em Endoscopia Digestiva Oncológica pelo Instituto do Câncer da Faculdade de Medicina da USP (ICESP-FMUSP). Ele possui o título em Endoscopia Digestiva pela SOBED (Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva).